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domingo, 8 de novembro de 2009

E haja burca para tantas alunas!!!



Li muitas coisas sobre o que aconteceu na Uniban,ou seria Taleban? De tudo que li, resta a tristeza em perceber a enorme dificuldade que todos temos em simplesmente aceitar o outro, de não transferirmos para o próximo nossas inseguranças,distorções,perversões, taras. Sim porque se trata disso, de colocar no outro um problema que é nosso.
No episódio da professora,"toda enfiada", me chocou a fúria com que as mulheres se posicionaram contra ela, e não contra o cretino que colocou seu celular oportunamente posicionado no derriere da profe. Quem foi que filmou, alguém sabe? Com que direito ele ou ela, (não descarto a possibilidade de uma mulher ter feito isso), fez isso? Filmar e publicar uma imagem de alguém, que em um momento "alegre" se expôs, não é deplorável?
Você que está lendo, nunca pisou na bola? Isso é importante?
Agora, uma universidade, do país das bundas de fora, resolveu expulsar da faculdade uma menina que colocou um vestido de curto. É só isso, ela colocou um vestido curto, e foi expulsa. Vamos exagerar, se ela fosse uma prostituta, que ganha a vida vendendo seu corpo, não teria o direito de estudar? Que absurdo é esse? Quem foi o reitor(a), professor(a), diretor (a) que decidiu isso? Quem assina embaixo de tamanho absurdo? Vamos seguir horariamente a vida de quem assinou, o que será que vamos encontrar? Talvez alguém que se masturbe olhando imagens na internet, ou que sonhe em levar pra casa a secretária, sei lá, nem quero saber, não me interessa. Só sei que é muito, muito atraso. É a velha e conhecida hipocrisia , que transforma a nossa sociedade em um baú de pedófilos, tarados, sádicos , masoquistas, e por aí vai.
O que mais me deixa triste é que são jovens....e o sexo livre, e os hippies, e todas as revoluções que pensamos ter feito??
Ouvi dizer que o legal agora entre os jovens é ser virgem...isso é assunto? Alguém precisa ainda comentar se fiz ou deixei de fazer sexo? É da conta de alguém? Nossa, é assustador.
Vamos fazer sexo? Bom sexo? Quem sabe assim deixemos de lado, as pernas da aluna saliente e gostosa, que os meninos queriam comer a as meninas queriam ser, para começar as nos preocuparmos com a qualidade de universidades caça níquel.

Como roubei o termo " Uniban Taleban" que adorei, posto o texto do Do,abaixo.

Uniban/Taleban
Por: Dojival Vieira - 8/11/2009

Mulheres e Negros sofrem historicamente as conseqüências de práticas machistas e racistas, elementos estruturantes da desigualdade social que torna o Brasil campeão nesse quesito, e que nos envergonha a todos.

É porque mulheres e negros são vistos como menos por conta dessas duas patologias – o machismo e o racismo – que, nos pagam menos (em média, a metade ou até menos, pelas mesmas funções), nos negam acesso aos espaços de poder, nos tratam com estereótipos, quando não nos humilham em nosso cotidiano.

A decisão da Uniban (Universidade Bandeirantes) de expulsar a aluna Geisy Arruda – vítima há duas semanas de um verdadeiro linchamento moral apenas porque trajava um vestido vermelho, um palmo acima do joelho - é um retorno às trevas e ao obscurantismo medieval.

A expulsão de Geisy “em razão do flagrante desrespeito aos princípios éticos, à dignidade acadêmica e à moralidade”, anunciada numa Nota Pública, em que a “Universidade”, garante que “A Educação se faz com atitude e não com complacência”, é um hino ao autoritarismo; uma declaração despudorada de como a instituição assume o papel de polícia dos costumes e se coloca vergonhosamente ao lado de “machos em fúria que tomaram a estudante por objeto do seu desejo reprimido e recalcado”, avalizando a selvageria.

Ao dar razão aos agressores, a Uniban se torna cúmplice – não apenas por omissão, mas pela ação – e desce ladeira abaixo no seu conceito de instituição de ensino; rompe com padrões civilizatórios mínimos.

Entretanto, a atitude conservadora e machista de uma instituição que, embora privada, funciona por concessão pública, deve ser não apenas denunciada, mas servir como sinal de alerta: sim, é possível, em pleno século XXI, em S. Bernardo (berço do novo sindicalismo, do PT e da CUT, e palco das grandes lutas pela democracia nos 70 e 80 e, não por acaso, cidade domicílio do Presidente da República) e, no Brasil, é possível retrocessos que nos levam diretamente, numa espécie de túnel do tempo, de volta às trevas da inquisição medieval.

A Uniban deve assumir, doravante, o nome fantasia de Universidade Taleban. Tornou-se, no plano dos costumes, irmã siamesa da cultura homônima – do regime que governou o Afeganistão até ser derrubado, em 2.002, e que, além de polícia de costumes – forçando as mulheres ao uso da burka que lhes cobria completamente o rosto, sob pena de chibatadas e castigos cruéis - tornou-se símbolo de até onde pode chegar a intolerância e a estupidez humanas; paradigma do atraso mental e espiritual da espécie.

O que a decisão da “Universidade” projeta para o futuro, com esse gesto, contudo é, mais preocupante. Com a expulsão, a Uniban/Taleban avaliza e autoriza o linchamento moral e outorga aos machos de plantão o direito de decidir como uma mulher deve se vestir, quando está ou não vestida adequadamente para os seus padrões.

Tudo a ver, como se vê, com os modelos patriarcais, da mulher transformada em objeto de cama e mesa para servir e saciar a vontade e os desejos de machos em fúria - e que, pelo menos em público - “devem estar vestidas adequadamente”.

É vergonhoso. É obsceno para todos nós, homens e mulheres – negros e não negros - que, ao contrário do verso da música de Caetano, em A Dama do Lotação, sabemos, sim, “onde colocar o desejo”.

Respeitem os princípios éticos, a dignidade humana de uma mulher, que está acima de qualquer dignidade acadêmica, e muito mais dessa tosca academia dos costumes que pretendem tomar por Universidade.

Quanto à moralidade a que se referem para praticar essa violência, façam dela bom proveito. Só deve ser útil mesmo a quem se pauta por práticas retrógradas e medievais e, acima de tudo, hipócritas.